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quinta-feira

Guias



Amadurecer e fazer escolhas, tentar a cada ano criar discernimento para caminhar e subsistir em meio à vida, vida esta habitada junta a megalópole, a cidade de vários caminhos, trilhas e muitos outros atalhos.
Uma consulta rápida ao guia de ruas nos levaria para qualquer lugar outrora desconhecido, mas na realidade será que existiria um guia para nossas decisões?
Fronteiras estabelecidas mentalmente, um território hostil muitas vezes nos aguarda, medo de pisar em falso, ou mesmo não ter volta. Decidir conscientemente ou deixar o coração soprar a direção para o lugar almejado?
Ruas, estradas, pedestres, transeuntes afoitos. Todos vocês que parecem misturar-se a meu percurso, cada um deveras aponta-me de forma única uma nova dica,uma palavra de encontro ou talvez de desencontro.Sinto que o tempo cobra-me um passo mais rápido, exige um esforço sobre humano, alerta-me de que não posso comparar-me a outros, ou mesmo querer desistir.
Procuro uma calçada limpa para sentar-me, repousar por momentos meus pés, que encontram-se inchados por dedicação a minha caminhada, penso ter encontrado um abrigo,feliz abro um leve sorriso,satisfação apodera-se de mim, mas;
As calçadas não tem espaço livre, em toda sua extensão encontram-se ocupadas por guerreiros desfalecidos, alguns sentados, outros já deitados tomados pelo esmorecimento, alguns casais que parecem-me não saber onde estão.Idosos e crianças perdidas, olham para os lados num clamor interno de que alguém possa tirá-los dali,levá-los para um lugar reconfortante e seguro.Atônito por um instante penso entrar em desespero,peso sobre tamanho ata-se aos meus ombros,percebo que não há lugar para descanso.
Corro, corro, quase penso sair do chão e alçar vôo, as imagens não são mais nítidas, um mundo desfigurado pela velocidade inunda minhas pálpebras, quero dar meu melhor, preciso encontrar meu lugar. Meu norte. Minha razão.
Não sinto mais minhas pernas, não sinto mais o calor intenso que leva-me sempre ao suor,não vejo algo nítido,nenhum reconhecimento de onde esteja.
Apenas um clarão ilumina meus olhos, quase ferindo minha visão. Tapo-lhes e num movimento de entrega,deixo meu corpo cair sobre aquela estranha atmosfera.
Flutuo... Flutuo naquela luz outrora ofuscante, me sinto acolhido por braços invisíveis, como numa dança secreta que colocaria qualquer ser vivo em estado de paz profunda. Apesar da estranheza desejo entrega-me, deixar que meu coração de pedra,seja cuidado e quem sabe amolecido,transformando-se num novo coração de carne.
Sem pressa, adormeço nos braços da luz e com lágrimas molhando minha face, peço um renovo e transformação para este ser que tanto precisa saber onde deve chegar.

Por Azriel - Maio de 2007

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