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terça-feira

Dois

Os olhos correm em direção ao sim.
Quero te pedir em casamento.
Uma vez. Pra celebrar.
Nós.
Só.
Casamento de dois.
De vida que segue em alegria duplicada.
De sol e chuva parindo o arco-íris.
Também quero te pedir uma canção,
Que estampe o tempo de agora.
Pra eu cantar para as nuvens
E dançar como um dervish.

Embaraço


Minha velha pele batida pelo sol
Hoje se configura mais alegre
As poucas certezas que a vida apresenta
Já colore este coração sofrido

Céu claro de base cinza-azulada
Coletivo lotado suor escorre pelo rosto
Mais um dia que surge sem mesmo
Ter acabado o ontem

Corpos se misturam à fumaça
Concreto e aço vejo flores brotarem
As lembranças exalam pelos poros
Saudade como néctar da vida

O embaraço de minhas madeixas
Refletem sobre minha trajetória
E todos os alguéns que fizeram
Ou fazem parte de minha história

No olhar crucificante o preconceito banal
Do jeito que me imagina é onde está o mal
Sou muitos estou em cada esquina
Em cada botequim... O seu mal NUNCA
Nunca será o meu fim

Todas as cores que me perfazem
Saltitam pelos meus olhos
De ontem em ontem suo e sigo caminho
Continuo a me embaraçar pelos rumos

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Embaraço de Mr Beard é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.

segunda-feira

Um dia de Saudade

Na sua falta, a saudade traz a dor,
até o sol nascer.
Nessa luz que traz calor,
brilha o dia a amanhacer.

Ao alcançar o ponto mais alto,
o Sol divide seu dia.
De momento o coração calmo,
volto a lembrar porque sorria.

E então na dor da tarde,
tenho uma visão.
Que é Você em toda parte,
enganando o coração.

E já no fim da noite,
ao deitar em minha cama,
acelera e bate forte
Meu coração por que te Ama.



Rodrigo Della Torre

domingo

Saudade



Faz 4 anos que não lhe dou feliz aniversário!
Comumente levantava ao ouvir o seu chamado,
Hoje quem o faz é sua nobre camponesa.

Dia após dia eu buscava entender qual o papel que me fora passado,
Olhando as linhas das estações na expectativa de que não se findassem.
Rostos familiares nos acompanhavam no percurso matinal,
E se repetiam no retorno noturno.

Assim foi o período de trabalho lado a lado ao meu herói,
Ouvira sempre o pedido de juízo.
Que até hoje desconheço o sentido.

Um dia hei de saber o real significado deste termo,
Pois pensei que fosse apenas uma parte bucal.
Lágrimas saudosas, lembranças ternas,
Sorrisos simbólicos e abraços companheiros.

As segundas semanas deste mês, nunca passam bem.
Sempre carregadas de ausência.
Não tenho o prazer que antes pensava ter.

Não queria nestes versos destacar a falta,
Quero nestes versos mostrar a importância.
Desejo agora registrar o valor,
Além de exaltar o meu amor.

Mr Deep – 12/12/2010

quinta-feira

Consolação

Você achou que eu seria peça de troca.
Que talvez coubesse nesse seu escambo, que chamas de amor.
Tantas coisas você pleiteou,
Sinto até, certa dor.

(In)felizmente não teve o prazer de me ouvir e sentir.
Saiba que tu foste o que quis,
Não aquilo que queria,
Sou puro, sincero e alvo.

Achou que teu silêncio fosse meu ínterim,
Num jogo de cartas onde você já perdeu.
Achou o que quis do castelo feito de cartas.
E o pior foi não me ouvir em nenhum momento,
Não quis sentir o que teu coração apontou.

Sinto por quem passou e por quem vira a “ter” você.
Assim como és, sempre metade.
Nunca será o que imaginei.
Te vi no que me mostrou.
Te senti.

Até onde pude, o espaço não era.
Quando pude, você não estava lá.
Fico cá, a saber, que de certo você não virá.
Não por que eu não quis,
Mas sim, porque não há mais lugar pra voltar.

Kamui-san/ Deep/ Beard
08/12/2010 – Numa esquina qualquer...
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A obra Consolação de Kamui-san/ Mr Deep/ Mr Beard foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Brasil.
Com base na obra disponível em acasadosentido.blogspot.com.

quarta-feira

Island_Soul




Transformar meu arquipélago não tem sido tarefa fácil,
Diferentes ilhas, com nome e propriedades únicas
Habitantes, fauna, flora, atmosferas diferenciadas,
Cada dia uma dessas ilhotas, salta-me interiormente, numa trama de muitos nós,
Olho e penso – Qual será a resolução para isso?
Inconstância, ondulações de meu ser. Creio não poder viver assim.
Dias de sol radiante, felicidade extrema, olhos de luz profunda,
Dias de nevoeiro, lua minguante, estrelas escondidas, manto sombrio, dor da trizteza,
Decisões para mais de um futuro, a rede de habitantes em tantas ilhas, diferentes concepções do herói que os escuta com o coração,
Para amparar suas frágeis esperanças, para olhar e ter crença no impossível,
Peso consciente, luta para além do natural.
Peço, juntem-se fragmentos incompletos, seja formado guerreiro do tempo,
Para contrariar e confrontar o molde que está sobre ti,
Para apagar o escrito de cobrança, para aplanar o caminho de sonhos futuros.
Unidos, coesos, vinculados – elo inquebrável.
Óh ilhas! Formem um país só! A pátria habitável, o chão que recebe os pés cansados com uma benção,
Sim, o lugar tão esperado por vocês, esse lugar que sempre sonhei para mim.
Abril/2008

Foto: Person standing on an island at dusk, Klavskar, Smaland, Sweden
Crédito: Jorgen Larsson

Presente Paterno

- Pronto!!! Provável Princesa, Prismou Pelo Planeta...
... Pequena, Parece Perfeita... Provou!!!
- Pelas Próprias Palavras, Partiu Primeiro... Paula!!!
- Perfeito!!!
- Portanto, Paula Perfeita Pricesa Pequena, Pois Palavras Postadas Permitiram...
...Parece Pensamentos pessoais Pelo Passado, Presente e Próximos Pôres.
- Principais Preces Pedidas por Perdões de Prováveis e Possíveis Pecados...
... Piscam em Pensamentos Purificados pela Proteção Paterna.
- Pelo Parecer, Posso Projetar-me Pelo Prazer Presente e Permanente.
- Parabéns Papai!!! Presente, Paz, Perfeição...
... Paula.

Torrione

Mudanças

Estas palavras que hoje voltam à minha mente em forma de dor,
Fazem com que eu possa olhar pra ti e dizer “Te amo”.
Não sei a partir de quando comecei a pensar como agora.
Talvez venha se agregando com o decorrer do tempo,
Hora por bons motivos, hora por motivos que nem um pouco agradaram.

De agora em diante acrescentarei ao meu ser,
Inúmeras tentativas, riscos e erros.
Variarei um pouco a minha vida,
Arriscarei muito mais do que fizera.
Não mais tentarei premeditar os erros na busca de não encontrá-los,
Ou de burlá-los.

Viverei sem buscar atalhos.

Farei o que deve ser feito e quando tiver de ser feito.
Levarei a vida em sua forma mais simples,
Sem falsos valores, sem hipocrisias e muito menos demagogias.

Serei simplesmente aquele.

Sou hoje o fruto do ontem,
Calejado em algumas partes.
E sem dúvida nenhuma um alguém
Que já não possui máscaras para colocar sobre o semblante.

Não consigo mais expor sorrisos, quando eles não existem.
As coisas se tornaram deveras transparentes para os de boa visão.

Quem olha facilmente sabe se está ou não a me agradar.
Por vezes, me pergunto se eu desaprendi as malícias da vida,
Ou se a interpretação das diversas personagens que fizera,
Eram as mais perfeitas descrições da minha falta delas.


Mr Deep Junho/2010

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A obra Mudanças de Mr Deep foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.

terça-feira

Morpho



Todos vocês me são necessários para que entenda a forma que o mundo é,
Mesmo os que já foram levados ou que adormeceram, ecoam vozes em mim, para guiar minha rota terrena,
A voz invisível, a crença do ventre também é meu norte, o lugar que me dá forças para caminhar,
Os visíveis e invisíveis, a fé e razão, os amores passados, presentes, futuros e atemporais.
Compõem a mescla rara que sou, esse apanhado de memórias, de vozes, de sons audíveis, o tato, a linha cronológica.
Em cada poro, uma palavra, em cada pensamento, um recordar, sou feito de significações, sou um molde de infinitas possibilidades,
Posso ser lagarta-borboleta e me fechar em casulos quando quiser,
Sou diamante-carvão, lapidado pelo tempo ou apenas pedra para ser queimada,
Sou a tríade de estados, o líquido que lhe envolve, o gasoso que te sobe as narinas, afeta seus sentidos, sou sólido, o toque macio ou o tapa brusco que te fará acordar.
Sou estação de sensações, sem calendário fixo, te farei suar ou apenas recolher-se com o mais denso frio.
Sou assim o óbvio que você acha que já leu, mas no fundo ainda ficará atordoado quando entender que na verdade qualquer leitura não caberá em mim...

segunda-feira

Radix



Vi que o tempo escorre pelas mãos, mesmo sem querer, fagulhas ao vento, sem volta.
Aprisionados estamos, na ânsia de fazer algo que reverta o processo, estabelecer uma parceria com Chronos no intuito de otimizar as tantas coisas que deixamos para trás, por conta da falta do Sr. Tempo.
Pensara por vezes que um clone seria uma fácil saída, daí, portanto dividiria todas as funções que habitam em mim e meu problema estaria facilmente resolvido
Mas desisti da idéia, tal clone seria enredado mais uma vez na trama do tempo, assumiria mais coisas para si e se perderia de qualquer maneira.
Nessa dança de ponteiros vejo refletido o tempo aliado as tantas escolhas que fazemos, ao fechar os olhos e mergulhar pra dentro é possível notar que a raiz embora escondida, esteve crescendo de acordo com nossa vontade, tomando uma forma, se ramificando em veios que se ligam a todo nosso ser, fazendo de cada um de nós, o mais perfeito reflexo de uma planta nutrida pelo alimento oferecido.
A colheita sempre é obrigatória, o plantio às vezes pode ser involuntário...
Tempo, raiz, escolha – E do pó fui feito e para lá voltarei.

Kamui

Alerta de um Anjo

Um anjo lhe deu as costas;
um anjo a renegou.
Proibiu quem te ama;
na pessoa que me amou.

Um anjo não a entendeu;
um anjo me mostrou.
Meu amor que se rendeu;
na pessoa que me amou.

Um anjo te seguiu;
um anjo a acompanhou.
Um sentimento a mim fugiu;
na pessoa que me amou.

Um anjo está no Trono;
um anjo me acordou.
Digo que amo;
pra pessoa que me amou.

Um anjo a me ver;
um anjo a olhou.
A união me fez sofrer;
na pessoa que me amou.

Um anjo me deu força;
um anjo aconselhou.
Já não é a mesma coisa;
na pessoa que me amou.

Um anjo aqui me guia;
um anjo me ensinou.
A essa não se confia;
na pessoa que me amou.

Um anjo a me amar;
um dia me alertou.
-Porque se enganar?
Se ela nunca te amou.

Torrione
Out/2004

Creative Commons License
Alerta de um Anjo está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 United States License.

quinta-feira

!Rinascita!

Mundo cíclico
Vida dinâmica
Desejos que vem e vão
Muitas vezes pedem pela contramão

A vontade de ser pleno

Se mistura as amarras
Aos conceitos e preceitos
Onde o equilíbrio se desconcerta

Onde o belo e o profano se encontram

Sem aviso prévio, sem a menor consulta
O amor... A paixão... A natureza
Engendram um caminho de mistérios

Na contramão dos sentidos...

Daqueles que todos nós devemos seguir
junto aos anseios de todos os tipos e formas...
Vos encontro...Todas as minhas sensações
Turbilhão de ondas de paz e de dor

Encontro em mim toda a plenitude

Do sujeito mais inacabado que sou
E no desequilíbrio me conserto
E perto chego do meu eu

Tatuado pela vida e mascarado por ela

Moral provisória que nos salva
Ao menos denota uma visão
mais justa sobre o transformar e livre
Transitar pelas dimensões socialmente impostas

Sou o turbilhão... Sou contramão

Sou eu o ciclo
Sou belo, sou profano
Sou minhas amarras
Sou minha paz e dor
Sou meu sorriso e cabelos embaraçados
Serei em meu eu o sujeito inacabado

Mr Beard
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Señor Corazón

Ah! Se eu fosse um pouco tu e tu um pouco eu!
Não seria tão razão e nem tu só coração,
Andaríamos a sorrir daquilo que dói e a chorar pela alegria exaltada!

Minha flor ao lado estaria, sorrindo e cantando.
Chorando e sonhando contigo todo dia!
Lembrando que os prefixos não fazem a vida ser,
Mas que ao nascer, a vida os traz!

Ah! Como é bom sermos o que somos!
Tu és o coração latente e eu a razão que emerge pós-almoço.
Andamos chorando por outrem sem razão ou emoção!

Contempladas como merecem, nossas flores nos jardins estão.
Cantando e sorrindo, chorando e sonhando com o orvalho matutino!
Os prefixos estão presentes, sem o poder que outros oferecem,
Noss’alma segue, seguida, perseguida, mas sempre vívida!

As vezes quando termina o verão e as coisas não foram fáceis
É como se toda escuridão fosse permanecer
E todas as coisas assim, estáteis.

Vejo alguns olhos,
O vermelho de um grande rancor.
Percebo em inúmeras almas,
A vontade do verdadeiro amor.

Por onde quer que se veja! Qualquer sensação, que se sinta.
Aquele sonho que almejas!
Não suprima, não o reprima, Viva!

Mr Deep/ Señor Corazón

Nov/2010

Soul oq souL

Eis me aqui novamente,
Com força, saúde e paz interior!
Neste momento apenas penso que,
Nada melhor que poder ver e sentir.

Ainda admiro a beleza exaltada pelo vento
Ao encontrar-se com os ramos das árvores.
Ou ainda admiro-me com o lindo bailado de
Uma efêmera e bela borboleta e com o pacifico caminhar dos idosos.

Dera-me a vida o prazer infindo da contemplação!

Admirar para este ser, é muito mais do que o verbo diz.
Não me surpreendo com as duras palavras dos meus humanos irmãos.
Minha felicidade vem com um simples sorriso alheio,
Com a sincera risada das crianças e a vivaz força dos de mais idade.

Não quero ser simples.
Sequer fui um dia simples.
Sempre fui composto, como o arco-íris o é.
Cercado e revoltado de amor!

Eu fora filho de nobres corações,
Carregado de magias surreais.
Perambulo hoje sob o sol e descanso sob o luar,
O que antes, inverso fizera.


Mr Deep

sábado

Homenagem pra ti, tu.

Tu não vês, que tu és tu e não você?
Tu estás atrás daquilo que não te serves.
Tu nunca foste ao sul,
Onde és bem-vindo e muito bem apreciado.

Perde-se em meio às regiões desta ampla terra.
Não atinges os viventes de São Paulo e Rio,
Onde facilmente confundem a ti com ele, que não és tu.

Pensaste que fui teu inimigo,
Mas te digo que não é a verdade.
Ainda hoje, teimo em dizer que sem tu,
Fica ainda mais difícil entender este nosso mundo falado.

Mr Deep – 03/04/2007

quarta-feira

Reencontro


Minha flor quer se reencontrar,
E quer muito mais que um mero pensar.
Não quer ter nada que a leve a anseios e devaneios,
ao vento, voadores e passageiros.

Segue na tentativa de solidificar sua reflexão,
Cristalizar tudo aquilo que traz sua emoção.
Repleta de sentimentos e amores que não cabem em si,
Todo dia segue. E como anda!

Sentindo e sabendo que o amor que sentes,
É Incopatível com a vida, o mundo e suas máscaras.
Floreia, cativa, sobrevive e sonha.

Outrora ouviu sobre as dificuldades de semear o amor.
Soube o porque do caos estar maior.
Um certo homem, de trabalho honroso e vida mais digna que a de muitos,
Lhe contara sobre a falta que o semear do amor tem feito ao nosso mundo.

Este homem percebera em minha flor a beleza e pureza por ela exalada,
Então deferiu o golpe que a mim também afetou.
Dissera ele que as pessoas boas,
Tem deixado de ter filhos.

As pessoas boas temem colocar seus filhos em um mundo,
Onde o amor não é mais soberano.
O amor virou mais uma simples palavra,
Solta ao vento, voadora, passageira.

Deixaram o amor no passado,
No antiquado romântismo.
Ou no mero quadrado do esquecido.

Mr Deep - Inverno 2010

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Querer é Poder?


Abri os olhos, vi você. Me vi, não vi nós dois.
Não doeu. Porém, não extasiou.
Senti desejo, Apego-me ao desejo.
Me pego com desejo.

E assim me vejo com você, Sei que não é só sexo.
Sei que agora, é só sexo.
Não sei de mais nada.
Não quero saber de mais nada.
Eu queria não te desejar.
Queria não pensar em você.
Queria não sonhar contigo todas as noites.
Queria não me sentir triste, sozinha,
Quando estou longe de ti.

Queria não chorar,
Quando me lembro de momentos nossos.
Queria que o tempo passasse bem rápido,
Para eu me livrar logo dessa dor que me corrói.

Queria não te amar.
Queria te ver e me sentir feliz,
Como se estivesse reencontrando um grande amigo.

Queria que fosse meu amigo.
Queria mais que isso.
Queria que fosse meu marido,
Amante, pai dos meus filhos.

Queria não querer isso.
Queria não querer nada.
Queria que me amasse.

O que aconteceu para deixar de me amar?

Queria não me sentir culpada.
Queria dormir contigo todas as noites da minha vida.
Queria não querer.
Queria sentir-me amada.
Por ti.

Queria que a magia no nosso princípio de namoro,
Viesse à tona novamente.


Querer é poder? Acho que não.
Quero, mas não tenho, não posso, não consigo.
Não sei como foi o nosso rompimento para ti,
Mas acredito, que não tão ruim quanto foi para mim.

Queria não te ligar.
Queria não te mandar mensagens.
Queria não querer.

Não consigo, ou não quero.
Não sei.
Não quero saber.

Mas queria mesmo não ter você em mim.
Ah! Como queria.

Desculpe-me.

Quero não mais sentir o que sinto.
Queria não mais, em minha vida te dizer isso!

Amo-te!

Segunda-Feira, 28 de maio de 2007 2:07:08

Imagem: Arquivo do autor


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terça-feira

Por um triz, relatos de uma sobrevivente cabeça dura


Quinta feira, onze de março. Dia ensolarado. Uma manhã produtiva e alegre no trabalho. Tudo andava bem, “muito bem, até demais”....

E Sofia, personagem já conhecida por vocês, saiu pela primeira vez para almoçar com sua nova chefe.

Meio dia e quarenta. Andavam pela calçada ampla da Rua Pinheiros.

Como sempre, Sofia sorria, afinal essa é sua marca: sorrir de alegria, sorrir de vergonha, sorrir para conquistar pessoas, sorrir de constrangimento, sorrir de nervoso.

E em meio a um sorriso distraído – Cabuuuuummmmmm. Sofia foi nocauteada e se estatelou na calçada ao lado de sua chefe. Coisa inexplicável. O tempo parou e parecia que tudo mudaria a partir daquele instante.

De queixo caído (no sentido metafórico) me levantei, não desmaiei. Olhei ao meu redor e eis o que vi: uma estrutura de metal gigante, com cerca de 3 metros e meio de altura havia me atingido, atingido em cheio o lado direito da minha CABEÇA, a tampa direita de meu ser. Mas eu estava lúcida.

(Para vocês entenderem: o objeto caiu feito uma árvore desabando ao ser cortada. Madeira!!!!!!!!!!! – Exatamente naquele movimento... e no meio do caminho: PUF - minha cabeça).

Aos poucos as pessoas me cercavam, vários colegas de trabalho, que também saiam para almoçar, se aproximavam.

Aquele gigantesco e pesado ferro era parte de um trilho de uma porta de correr de uma concessionária da Ford na Rua Pinheiros. Pé direito alto, porta gigante, trilho gigante. Pedreiros distraídos. Estes tiveram descaso total em relação ao acidente.

O que passou por minha cabeça nocauteada naquele momento: acidente na cabeça é perigoso, ai meu Deus! (não sei qual Deus...).

Estou ouvindo, estou em pé, estou lendo, estou preocupada, ufffaaa.

Estou aqui. Estou. Que estranho, não sinto muitas dores. Este ferro gigante me atingiu e não sinto muitas dores....

Qual hospital?

Ligue para minha mãe, por favor, porque ela está na região, não está no trabalho. Plano Amil.

Não lembro o número. Ah, talvez 22.

Sempre ao meu lado minha chefe e Mariana, uma colega da nova equipe.

Em pouco tempo estávamos sentadas ao redor de uma mesa dentro da concessionária.

Eu via um homem preocupado falando e gesticulando, achava o tempo inteiro que ele era uma espécie de gerente do local...Mais tarde descobri que ele era um delegado, viu o acidente e estava lá me defendendo, tirou foto do meu braço, das marcas do acidente.

Muito obrigada, delegado Abreu.

Minutos depois estávamos em um carro zero da concessionária rumo ao hospital: eu, minha chefe e Mariana. Rumo ao Hospital Oswaldo Cruz. As três preocupadas e brancas... cabeça não é brincadeira...

Relembrei depois que o lado direito do cérebro é aquele lado lindo que carrega nossa criatividade, o lado artístico, o pensamento simbólico...

Neste percurso eu tinha uma sensação ambígua de preocupação e felicidade.

Ao mesmo tempo em que temia ser algo sério, me surpreendia com meus sentidos presentes e com meu senso de humor.

Soltei algumas frases no percurso ao hospital:

- Se tudo correr bem, é sinal de que realmente eu sou uma ariana cabeça dura;
- Ai, espero que depois desta pancada eu fique mais inteligente;
- Será que Tico e Teco estão bem?
- Ô moço (me dirigindo ao funcionário da Ford), depois vou querer um carro novo...
- Não sei como chegar ao Hospital, mas ao Shopping Paulista eu sei. (hehe)

Ao mesmo tempo:

- Se eu sair dessa, é como nascer de novo.
- Novo aniversário: 11 de março.
- Será que está tudo bem? O galo tá grande....está enorme.
- Estou lendo e entendendo tudo.
- Acho que não quebrou nada.

Chegamos ao hospital, e graças a minhas companheiras de trabalho não tive que me preocupar com nenhuma questão burocrática.

Logo foram tirando minha pressão.

- Moça, a sua pressão está alta.
- Geralmente ela é baixa.
- 16 por 8.

(Não fiquei impressionada, não entendo de pressão, esses números não significaram nada para mim....). E já fui levada a uma sala reservada do Pronto Socorro.

Em pouco tempo apareceram minha irmã e minha mãe e a partir daí não vi mais minha chefe e Mariana, pelo limite de pessoas permitido na “minha” repartição do Pronto Socorro....

Altas emoções, mas eu estava bem e falante, o que trouxe alívios para a família. Minutos depois, chegou meu pai.

Na minha repartição particular do Pronto Socorro, ligações que não paravam. O celular cantava Chico (meu toque de celular) e a expressão viga de metal assustava o imaginário dos meus amados familiares. Todos achavam que algo da obra de metrô havia caído sobre mim. Horror generalizado, mas ao escutarem minha voz se acalmavam...

Minha maior aflição, para além da dor no pescoço e do galo gigante (que pela primeira vez forneceu ondas a um cabelo tão escorrido), era o tempo de espera para fazer os tais exames na cabeça. Demorou..

E eu estava faminta, afinal tudo começou com um ronco na barriga. Que me fez levantar até ser nocauteada no percurso entre o trabalho e o restaurante a quilo. Fui orientada a não comer no pós acidente. Doutores, enfermeiras e enfermeiros apareciam e sumiam, muito simpáticos. Ninguém acreditava no ocorrido. Nem eu. Eu temia dormir e me esforçava para não ficar sonolenta.

Depois de uma longa demora, um enfermeiro me levou em uma cadeira de rodas para os exames na cabeça. Instalada no maquinário específico, fiquei cantando baixinho para não dormir (estava realmente com medo de dormir) e não sei por quais motivos cantava a seguinte canção, sem palavras, só com um sussurrar:

Frère Jacques, Frère Jacques,
Dormez-vous, Dormez-vous,
Sonnez les matines ! Sonnez les matines !
Ding ! Daing ! Dong ! Ding ! Daing ! Dong !

Saí do maquinário e encarei os olhos do médico que assistia minha cabeça em uma telinha. Naquele momento fiquei em paz e senti um primeiro alívio. Não trocamos palavras.

Entramos no elevador para voltarmos a minha repartição do pronto socorro: eu, o enfermeiro e minha mãe. E... acreditemmmm... Puf. A luz acabou. O elevador parou... Nós três fechados na mais completa escuridão. E falei :

- O que está acontecendo, não é possível... Mais essa.

Mas relaxei... era muita coisa em um dia só. Depois de uns cinco minutos fomos resgatados por funcionários do hospital. Enquanto estávamos lá, minha mãe conseguiu falar com meu pai por celular e ele, mesmo achando ser uma piada, procurou socorro.

De volta a minha repartição particular, deitei. Ficamos a tarde esperando por respostas.

O primeiro doutor, que não era neurologista apareceu com boas notícias. Minha cabeça estava normal, sem lesões, só esperariam o parecer do especialista que jájá chegaria.... Soro... E finalmente chegou o neuro, no final da tarde. Parecer final : cabeça totalmente normal, sem cortes, sem lesões, pescoço normal, cervical sem problemas. Fez algumas perguntas, testes com os meus movimentos... E tudo normal.... Ufa. Santa cabeça dura. Minha carapaça que me defendeu deste terremoto particular.

Saindo do hospital e com o alívio em relação ao estado da cabeça, o corpo apresentou suas primeiras dores. Ai meu pescoço, ai meu tornozelo, ai meu braço.. Torções da queda.

E foi assim, no 11 de março virei do avesso. Apesar do choque, o alívio é realmente maior. Há uma felicidade imensa de ter encontrado sorte no azar. Poderia ter sido muito pior e não foi. Tem gente que diz que meu anjo da guarda estava lá. Eu acho que ele teve dois momentos de cochilo, mas voltou segundos depois com a força toda. O que importa é que estou aqui para contar a história. Porque a vida é amiga da arte e amiga da sorte...

Um amigo meu me disse para eu andar por aí com um capacete de aço. Afinal nunca se sabe...

(São Paulo, 13 de março de 2010)

**Destaco a necessidade que tive de postar este relato que é espontâneo e muito bem descritivo.

***E deixo claro que o choque e a deveras preocupação se fizeram presentes.

Parabéns Sofia cabeça dura!