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terça-feira

As Divas do Outubro.




A busca por passar despercebido, minha é.
Fazer do breve, algo eterno e intenso,
Foi o maior desafio que eu poderia criar.
Lembro-me diariamente de minhas divas,
Que aparecem entremeios de outubro.
Breves e intensas, efêmeras são.

Sempre houve quem por elas olhara,
Homem, calvo e de mãos calejadas.
De pouco estudo, mas poeta da vida e professor.
Diariamente as regava com carinho e atenção.

Minhas Divas muito bajuladas, hoje são.
Mas ontem, a labuta ofuscava a beleza por elas exalada.
Tímidas, pouco menos de três quartos de dúzias saiam,
No inicio assim eram, temiam a mão, que pelo caule pode matar.
Houve a necessidade de ao menos, três dúzias de meses passar,
Para que hoje elas possam aparecer,
Com seus múltiplos de quatro, coloridos deveras.

Mr Deep - 10/2009

Imagem: Arquivo do Autor

domingo

Gado Evoluído



Hoje em dia observo estranhos currais ambulantes,
Que talvez devido a nossa atual modernidade,
Carregam neles, um certo gado evoluído.
Esse gado agora, não mais necessita ser guiado.
Faz que sabe, entrar e sair do curral.
As porteiras destes, agora, se abrem sozinhas e o gado entra e sai.
Ao vê-los entrar e sair, apesar de certa “evolução”,
Não consigo vê-los diferente daquele gado que antes se recolhia
Em celeiros concentrados.
Estes gados evoluídos, hoje em dia,
Saem se empurrando e entram amontoando-se.
Vivem em celeiros quase que individuais,
Espalhados por todos os lugares.
Saem de manhã, entram nos currais que os transportam,
Desembarcam deles para pastar e repetem este ciclo
Ao término do dia para recolher-se.
Mr Deep - junho/2007

Imagem: Arquivo do Autor

Sangue e Coração




Dependo daquilo que não podes me dar,
As reservas financeiras tuas, jamais irão me ajudar.
Aquilo que tu podes ver,
É tudo aquilo que lhe permito acessar.
Quando passas a me ver. Vês o que?
Estou a construir algo que não possuo.
Uma vida sem cordas, que emita algo dissonante.
Minha ferramenta-mor não passa de um pedaço de aço,
Uma chapa de aço achada em um desses vai-e-vem.
Vem-e-vão as pernas que me permito olhar
Quem pára para me admirar, choca-se.
Pois não busco a beleza ou a perfeição
Faço apenas movimentos que inconscientemente
Manda este velho coração.
FLASH!
Registraste aquilo que achaste bonito?
Acredito que o que quer que tu tenhas guardado
Não passe deste momento, porque o coração que agora bate,
Pode amanhã estar à putrefar.

Mr Deep – 01/06/2006

Imagem: arquivo do autor

sábado

Mais de algo distante


Observo-te a uma distância consideravelmente “boa”,
Pois daqui é quase impossível um terceiro olhar perceber as lágrimas.
Entre os Ciprestes vejo tua descida aos palmos contados,
Sinto a cada centímetro de tua descida, um som reverberar em meu âmago,
Algo que nada, nem mesmo o mais intenso grito, nada!
Nem a mais expressa histeria poderia trazer ao mundo material esse sentimento que ressoa!
Penso rapidamente que antes eu do que tu.
Porém há um pedido deixado por ti dez anos atrás.
Um pedido dito, que se realizado, honra seria pra ti.
Lembrei-me!
De quando contava tuas artes de infância em voz baixa,
Mesmo sabendo que eu as ouvia e para disfarçar pedias,
Para que a camponesa olhasse ao redor para ver se por ali eu não estava.
Para que eu “não fizesse travessura igual”.
Mas tu contavas teus causos com tanto orgulho,
Que jamais poderia eu fazê-las iguais.
Fazia eu minhas próprias peripécias,
Ora eu inventava minhas próprias travessuras
.
Mr. Deep - janeiro de 2007

Heráclito


Parte 1


Um sonho um tanto quanto diferente.
Estive contigo, mas não me lembro de tê-lo antes conhecido.
Em diálogo que sequer me lembro das demais palavras,
Houve uma que ressoou em meus tímpanos com certo incômodo.
A clepsidra fez-me levantar subitamente em meio à noite,
Com a revolta de quem ao mundo odeia.

Penso que a cada instante não sou mais eu mesmo,
A clepsidra volta e me mostra algo que não consigo aceitar.
Penso em tudo que tenho a fazer e em tudo que já fiz!
A clepsidra volta-me à cabeça para me mostrar que apesar de tudo,
Viver é correr contra o tempo que segundo a segundo nos é roubado.



Parte 2

Ao mesmo tempo viver é magnífico.
Sentir o cheiro exalado por sua pele, me faz querer-te mais e mais.
Lembrar que ao fim do dia deliciar-me-ei com um sorriso teu,
Faz-me viver os dias sem perceber o tempo passar.

E quando o pensamento está em um beijo teu?
Aí nem se fala. Este é o ápice, é como o dia de pegar a féria.
É quando os afazeres são prazerosos, quando de verdade fluem.
Deveria todo dia, ser dia de você, para eu poder viver e viver.


Mr. Deep - 10/11/2006

sexta-feira

Senhor do Mundo



Dono único de seu ser.
Ninguém! Além dele mesmo, tem poder suficiente sobre ele.
Enganamo-nos constantemente, quando achamos que o controlamos.
Pois, o máximo que podemos fazer, é programar alguns de seus meros
“Funcionários de baixo escalão”.
E mesmo quando pensamos ter o poder.
Ele continua trabalhando nos bastidores.
Fazendo o seu serviço, que jamais retrocede.
O carregamos ora no bolso, ora nos membros ou até pendurado na parede.
Mas isso não reflete, e nem sequer chega perto de exercer influência
Sobre seu trabalho, muitas vezes tido por nós, como cruel e implacável.
Principalmente, por ser ele “Aquele que mostra a verdade”.


Mr. Deep - Inverno de 2007

Imagem: Relógio de sol no Parque Taquaral em Campinas / Sunclock at Taquaral Lake
Por: Adriano Aurélio Araújo