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sábado

Mais um herói

Talvez possa o tempo ter contribuído,
Mas a verdade é que não me recordo
Em qual momento eu o conheci.

Esse mesmo tempo, muitas vezes implacável,
É o mesmo que me ajudou e fez com que eu saiba,
Que hoje em dia é um equívoco
Dizer que eu o acompanhei por muitos anos e não o contrário.

Dono de uma força de vontade invejável,
Além de autocontrole e honestidade.
Deu-me força, quando esta me faltava.
E palavras doces,
Quando o que se fazia presente,
Era o amargo do tabaco.

Certa vez ouvi deste:
-“que não há paz sem luta”.
Pouco entendi,
Pois estava em um mundo
Cheio de lutas sangrentas e inconseqüentes.

Agora sei.
E devo isso ao tempo.
Sei o que aquele "estranho",
Denominado assim, devido a sua subjetividade,
Queria me mostrar quando estava
Em nossa correria insana do cotidiano.

Mesmo depois de sua partida,
Pego-me aprendendo
Com aquele que para mim
Tornara-se um herói,
Sem superpoderes deveras.


Mr Deep – 12/12/2009

Ao mestre com muito carinho

Quase não o conhecia, me parecia uma figura distante com um nome especial, soava diferente aos ouvidos pronunciar JUVENAL...
Mas o contato ficava sempre no plano do “raso”, talvez pela falta de tempo ou desencontros da vida.
Em um tempo árduo e complicado consegui ter acesso a esta honrosa figura, ou melhor, não somente uma figura, um homem de carne, ossos, alma e paixão.
Lembro daqueles olhinhos tão cansados da peleja dos anos. Construir uma história com dignidade não é nada fácil, mas sua íris ostentava um "quê" de dignidade que pode residir em poucos.
Me dava um orgulho danado isso. Toda vez que ia visitar o Vanderlei, por conseqüência Sr. Juvas já estava sentadinho em sua cadeira.

Ao me ver abria um sorriso tão lindo, pegava em minhas mãos e fazia questão de falar meu nome, com um respeito ímpar.
Pude viver muitas aventuras com Sr. Juvas, sempre havia um causo interessante, desde sua vida de vendedor ou até mesmo como conheceu meu outro eu, o qual chamava-lhe filho.
Como as almas são um pouco misturadas, talvez sentisse que uma outra versão de meu pai estava ali, um papel mais caloroso, mais comunicativo, mais brilhante, talvez.
Alguns dias foram difíceis trazer Sr. Juvas para seu estado de alma de sempre, aquela coisa chata e dolorida que denominanos doença estava consumindo sua energia tão linda, lembro daquele esforço em não perder a alma e virar apenas um ser de murmúrios, mas as vezes tinha que sair, aquela angústia toda, o cansaço do homem tão ativo e trabalhador ficar confinado a lençóis brancos, máquinas que filtravam sua essência de vida e ambientes inóspitos.
Ai eu lembrava de meu grande amor, a Domingas que havia vivido essa história em outro tempo, outro lugar. Pedia a Deus que fizesse finais diferentes, mas parecia ser complicado tal fato ocorrer...
Me deixava tão feliz aquele orgulho que tinha quando falava do Vand, seu olho se iluminava feito candeia na noite, havia tanto amor naqueles olhos, como se a sua própria vida fosse ver aquele ser que lhe foi dado pelos céus completo, ele sempre me dizia feito missão de vida: - "Cuida do Vanderlei, faz ele criar juízo! "
Eu achava engraçado o pai do meu pai pedindo isso... Não entendia que aqueles dizeres eram fatos e não palavras ao ar. Teve outro dia que Sr. Juvas foi pro hospital e quando voltou faltava um pedaço dele, lembro dele me contando que ficou procurando uma coisa que faltava, me deu uma tristeza tão profunda ouvir aquilo, pensei: - "Meu Deus, isso não é justo!!!"
A raiva quis me consumir, e ouvia ele tão calmo dizendo, agora tenho até uma bengalinha, e sorria...
Foram muitos dias sentadinho ao seu lado naquele bar, cheio de barulho, fliperamas e outros.
Não sei se os habitantes daquele lugar puderam conhecer o sábio homem que habitava ali, mas quem passou por Sr. Juvas, igual não ficou.
Por isso meu querido pai, durma o sono dos justos, que aqui na Terra, grato, completo a missão que deixastes.
Retribuo seu sorriso, amor e palavras que me acolheram quando sem rumo estava.
Te amo.

Kamui - sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
http://olharsingular.blogspot.com/2008/12/quase-no-o-conhecia-me-parecia-uma.html

quarta-feira

Um olhar atemporal

Ontem depois de muitos anos,
Vi meu sonho desfacelado novamente reunido.
Impressão estranha,
Um não querer acreditar na cruel realidade do hoje.

Penso que as coisas não deveriam ser assim,
Poderia existir uma tecla,
Que pudesse fazer o tempo voltar,
Reconstituir certas perdas.

Revisitar suas essências foi lindo,
Vê-los além do tangível,
Cavaleiro e princesa,
Escape e solução,
O rio e o mar num encontro único,

A ligação ainda é forte,
Temerosa e tímida,
Mas sem dúvida existente,

Percebi que os olhos
Não mais se encontraram,
Seria medo da Fênix renascer?

Amores, medos,
Existências paralelas,
Destinos desencontrados.

Esperando um milagre,
Pranteio uma oração baixinha para o céu,
Este que hoje amanheceu choroso.
Devo crer que me atenda,
Concebendo assim a sonhada dádiva para ti, meu anjo.

Azriel - 2007

Mais que Resquicios - Somos Um

Passo por diferentes nichos
Passagens das quais não são simples
Ao passar me carrego de vestígios
Sinto-me com parte de um outro alguém que passou

Observo em grossa vista resquícios em minha epiderme,
Roupas, em meu pensar e em minh’alma
São marcas que não me definem
Mas que me fazem definir

Em simples diálogo me faço perceber que
Todos de todos os nichos por onde passo
Se parecem comigo.
Não só por ter adquirido eu, um pouco de cada um,
Mas por deixar neles, também um pouco de mim.


Mr Deep - Maio/2008

Licença Creative Commons
A obra Mais que resquícios – Somos Um foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Brasil.

domingo

Minhas Flores


Tenho duas flores,
Pena não serem eternas.
Ah, se a beleza e as flores, eternas fossem!

Não as vi florescer,
Mas sei de quem as cuidou com amor.
Sei do quão carinhosamente foram tratadas.

Aproximei-me delas entremeios as águas de Janeiro,
Fui logo amadrinhado por uma delas.
Recebi o carinho materno e próximo da outra.

Uma tem o nome de camponesa,
Luminosa é o nome da outra.
Ambas, quando juntas, crianças parecem,
Apesar da reluzente serenidade.

Amá-las, escolha não foi!
Amar, escolha nunca é.
A beleza delas! Quem dera ser eterna,
Mas as flores efêmeras são.

Embora passagem breve tenham elas,
Só Deus e ambas sabem o que já viram,
Presenciaram e perderam.
Amores, momentos, pessoas queridas.

Todos guardados em caixinhas especiais,
Dentro de seus seres únicos.
Antes de partirem quero que vejam este rascunho.
A maneira que tenho eu de declarar,
O amor que por elas tenho.

Mr. Deep Primavera/2009

Passado presente

Se pudesse eu, entender o que estas árvores falam,
Com certeza ouviria algo semelhante a:
- Lá vai novamente!
Aquele que com seu amor diferente,
Muito fez sofrer a divina flor da praça.

Embora passe por lá, menos de três vezes ao ano hoje em dia,
Já fiz daquele local e daquelas mesmas jovens árvores, testemunhas de meu amor.
Passar por elas faz-me feliz, por serem elas um memorial,
Carregado de sentimentos diversos,
Que talvez, possa eu exprimir nestes versos.

Ocorreu frente a elas nosso primeiro beijo trocado,
Beijo este, que marcou o inicio de nossa relação.
Despedidas realizavam-se ali,
Beijos e juras de amor também eram freqüentes.

Um saudoso ar envolve-me!
Faz com que meus passos avoados de sempre exitem.
Há uma inconsciente vontade de olhar e admirar.

Basta! Sigo, pois bem sei que nada alterará o que passou!
Continuo a seguir meu caminho de amores incompreensíveis,
Que dia-a-dia vão se aglomerando.

Costumo dizer que crio um novo amor,
Ao menos uma vez ao dia.
Para aqueles que crêem, muito obrigado.
Aos que duvidam, boa sorte.


Mr Deep – Novembro/2009

terça-feira

Veron

Verônica

Ao primeiro olhar um pequeno floco de neve, único em sua geometria,
Vulcão adormecido, ímpeto e vontade de barrar o fluxo da lava ardente,
Fixa ou livre? Sempre viajando num tapete mágico, com destinos ainda incertos,


Um mero olhar que me remete a um pequeno floco de neve,
Pequeno e único em sua geometria.
Como um vulcão adormecido, alto, robusto.
Ímpeto e vontade de barrar o fluxo da larva ardente.
Fixa ou livre?
O tapete mágico, meio de transporte.
Certezas ou incertezas?
O destino pouco importa, eu busco a plena felicidade.


Doug

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Simplesmente você

Simples como respirar,
Original como deve ser.
Bela como o Luar,
Sublime como o céu ao entardecer.

Segue assim, sem buscar demais riscos.
Apesar de encontrá-los em meio à Via Láctea.
Segue assim sempre, simples como é.
Distante de superficiais definições.

Apresenta imagem normativa.
Imagem esta, que nunca a definirá!
Se passares muito rápido, não perceberá,
Mas se acaso parar.
Cuidado!
Para não se apaixonar.


Vand

(09/05/2007)

Sentido II

Nesta minha quarta primavera, consigo ouvir minha voz dissonante,
Foneticamente eu faço o uso incorreto das letras.
Ora troco bê por vê e vice-versa.
Ora Faço a troca dos éles pelos érres.
Faço facilmente o Rio Tietê tornar-se diferente do conhecido.
Consigo tornar as vacas seres diferentes também.

Com isso, fica clara minha dificuldade de pronunciar as palavras,
Embora fisicamente eu não me pareça em nada com o cebolinha.
Minhas palavras fazem com que as pessoas me apelidem de tal forma.

Continuo minha pronúncia errônea, porém consigo apreciar aquilo que ouço.
Sei que muitos neste mundo preferem se apegar àquilo que conseguem tatear.
Estes podem ficar com o carro, com os papeis moeda e com as roupas.
Eu prefiro ficar com tudo que meus olhos sentem,
Meus ouvidos tocam e que minhas mãos ouvem.

Mr Deep.

Busca

Busco algo impossível de se visualizar a olho nu.
Algo que não sei ao certo o que é,
Feriram meu âmago, sinto queimar algo familiar dentro de mim.
Volto, vejo que não é algo bom de sentir.
Encontro-me agora entusiasmado. Com o que? Não sei.

Olho pra ti e sinto que você não é mais o mesmo de tempos atrás.
Agora você encontra-se no ápice,
Indo ao encontro de sua serenidade.
Continue assim, não perca o foco.

Não deixe de sonhar, pois o sonho alimenta o ser humano.
Entretanto ainda há bons motivos pra lutar,
Mas não basta só sonhar.

Ainda há pouco vi você sorrir,
Dizem que quem ri muito, parece bobo. Discordo.
Acredito no sorriso. Ele é a janela da alma.

Mr Deep.

Janela que escancara ou extravasa o interior, a luz chamada alegria que não se contém no receptáculo chamado alma,

O sorrir pode ser uma cura para a angústia e frivolidade de nossos dias, um escape perfeito em meio às lágrimas constantes de Gaia.
Parece-me que o ser/indivíduo paspalhão/risonho, permanentemente vive acompanhado por devaneios, um complemento necessário para sua sobrevivência.

Kamui (07/05/2007)

sábado

Olhar nostalgico

Observo piamente o local que ocupei,
Deveras para trabalhar e tambem como refugio.
Durante um curto periodo, porém intenso.
Onde muitos sorrisos e risos me acompanharam.

Procuro por resquicios deste passado não muito distante,
Que logo sem perceber resurgem em minha retina.

Pessoas e gestos familiares,
Que sem duvidas estão encriptados em minha epiderme.
Seus risos e sorrisos ainda brotam com sutil naturalidade,
Para um alguém, que compartilhou momentos
Que se fazem eternos em nossa alma.

Movimentos e falas se repetem continuamente,
Mostrando o quão belo é poder respirar e ter forças
Para viver e presenciar.

Minha linda diva continua mostrando-se forte em sua labuta,
Frente a velha tela da tecnologia e seu teclado-amigo.
Logo, mais e mais personagens deste teatro,
Que a vida é, e que estão eternizados em meus sentimentos
Surgem e refazem minha memória.

Sinto-me novamente vivo!
Dentro de um espaço e tempo,
No qual encontro-me ausente pelos caminhos traçados na vida.
Farei deste dia, mais um dos eternos momentos
Desta minha trajetória neste palco divino.

Mr Deep

sexta-feira

Sentido

Quem dera eu, ver apenas tridimensionalmente.
Apenas o que o globo ocular alcança.
Poderia talvez, livrar-me desta dor que me tens.
Bom tambem, seria talvez,
Rir quando esta dor insistente vem.

Pudera eu, ter levado a vida como o joao?
Feliz, sorrindo e chorando, bebendo, fumando.
Quisera sim, ter levado a vida como o joao.
Feliz, trabalhando e andando, namorando, casando.

Nao invejo quem tens!
Mas muito queriria, poder deitar
E na longa noite descansar.
Assim quando acordado poderia sonhar!

Lembrar-me-ia daquilo que deixei por temor,
Esquecer o que guardei temendo.
Amores que deixaram-me por amor.
Amores que ficaram pela dor.

Mr Deep

quarta-feira

Dama do Jantar



Tua beleza singela e discreta,
Nem a mais grotesca careta, pode ofuscar.
Ao ver-te passar, faz com prazer,
A refeição que temos diariamente, degustar.
De largo sorriso e alva pele,
Esta é a dama que nos dá a honra de por perto sentar.

A ti, ó dama!
Ofereço a luz do luar e esta simples trova,
Mesmo sabendo que tu jamais saberás, deste que a ama.
Almejo que perdure, o quanto puder,
A distancia existente entre nós.
Para que eu possa apreciar a intangibilidade deste amor.

Para ti, formosa dama!
Quero registrar neste honesto e simples rascunho,
A beleza exalada de tua pele e que clara é
Para aqueles que tem o prazer de perto tê-la.

Agora divina dama,
Que dedicou a esta trova o privilegio da apreciação.
Desejo de coração que nos acompanhe diariamente,
Nesta hora tida para refeição.

Mr Deep.
Primavera de 2009

Imagem: Salvador Dali/ FACE OF MAE WEST 1935

terça-feira

As Divas do Outubro.




A busca por passar despercebido, minha é.
Fazer do breve, algo eterno e intenso,
Foi o maior desafio que eu poderia criar.
Lembro-me diariamente de minhas divas,
Que aparecem entremeios de outubro.
Breves e intensas, efêmeras são.

Sempre houve quem por elas olhara,
Homem, calvo e de mãos calejadas.
De pouco estudo, mas poeta da vida e professor.
Diariamente as regava com carinho e atenção.

Minhas Divas muito bajuladas, hoje são.
Mas ontem, a labuta ofuscava a beleza por elas exalada.
Tímidas, pouco menos de três quartos de dúzias saiam,
No inicio assim eram, temiam a mão, que pelo caule pode matar.
Houve a necessidade de ao menos, três dúzias de meses passar,
Para que hoje elas possam aparecer,
Com seus múltiplos de quatro, coloridos deveras.

Mr Deep - 10/2009

Imagem: Arquivo do Autor

domingo

Gado Evoluído



Hoje em dia observo estranhos currais ambulantes,
Que talvez devido a nossa atual modernidade,
Carregam neles, um certo gado evoluído.
Esse gado agora, não mais necessita ser guiado.
Faz que sabe, entrar e sair do curral.
As porteiras destes, agora, se abrem sozinhas e o gado entra e sai.
Ao vê-los entrar e sair, apesar de certa “evolução”,
Não consigo vê-los diferente daquele gado que antes se recolhia
Em celeiros concentrados.
Estes gados evoluídos, hoje em dia,
Saem se empurrando e entram amontoando-se.
Vivem em celeiros quase que individuais,
Espalhados por todos os lugares.
Saem de manhã, entram nos currais que os transportam,
Desembarcam deles para pastar e repetem este ciclo
Ao término do dia para recolher-se.
Mr Deep - junho/2007

Imagem: Arquivo do Autor

Sangue e Coração




Dependo daquilo que não podes me dar,
As reservas financeiras tuas, jamais irão me ajudar.
Aquilo que tu podes ver,
É tudo aquilo que lhe permito acessar.
Quando passas a me ver. Vês o que?
Estou a construir algo que não possuo.
Uma vida sem cordas, que emita algo dissonante.
Minha ferramenta-mor não passa de um pedaço de aço,
Uma chapa de aço achada em um desses vai-e-vem.
Vem-e-vão as pernas que me permito olhar
Quem pára para me admirar, choca-se.
Pois não busco a beleza ou a perfeição
Faço apenas movimentos que inconscientemente
Manda este velho coração.
FLASH!
Registraste aquilo que achaste bonito?
Acredito que o que quer que tu tenhas guardado
Não passe deste momento, porque o coração que agora bate,
Pode amanhã estar à putrefar.

Mr Deep – 01/06/2006

Imagem: arquivo do autor

sábado

Mais de algo distante


Observo-te a uma distância consideravelmente “boa”,
Pois daqui é quase impossível um terceiro olhar perceber as lágrimas.
Entre os Ciprestes vejo tua descida aos palmos contados,
Sinto a cada centímetro de tua descida, um som reverberar em meu âmago,
Algo que nada, nem mesmo o mais intenso grito, nada!
Nem a mais expressa histeria poderia trazer ao mundo material esse sentimento que ressoa!
Penso rapidamente que antes eu do que tu.
Porém há um pedido deixado por ti dez anos atrás.
Um pedido dito, que se realizado, honra seria pra ti.
Lembrei-me!
De quando contava tuas artes de infância em voz baixa,
Mesmo sabendo que eu as ouvia e para disfarçar pedias,
Para que a camponesa olhasse ao redor para ver se por ali eu não estava.
Para que eu “não fizesse travessura igual”.
Mas tu contavas teus causos com tanto orgulho,
Que jamais poderia eu fazê-las iguais.
Fazia eu minhas próprias peripécias,
Ora eu inventava minhas próprias travessuras
.
Mr. Deep - janeiro de 2007

Heráclito


Parte 1


Um sonho um tanto quanto diferente.
Estive contigo, mas não me lembro de tê-lo antes conhecido.
Em diálogo que sequer me lembro das demais palavras,
Houve uma que ressoou em meus tímpanos com certo incômodo.
A clepsidra fez-me levantar subitamente em meio à noite,
Com a revolta de quem ao mundo odeia.

Penso que a cada instante não sou mais eu mesmo,
A clepsidra volta e me mostra algo que não consigo aceitar.
Penso em tudo que tenho a fazer e em tudo que já fiz!
A clepsidra volta-me à cabeça para me mostrar que apesar de tudo,
Viver é correr contra o tempo que segundo a segundo nos é roubado.



Parte 2

Ao mesmo tempo viver é magnífico.
Sentir o cheiro exalado por sua pele, me faz querer-te mais e mais.
Lembrar que ao fim do dia deliciar-me-ei com um sorriso teu,
Faz-me viver os dias sem perceber o tempo passar.

E quando o pensamento está em um beijo teu?
Aí nem se fala. Este é o ápice, é como o dia de pegar a féria.
É quando os afazeres são prazerosos, quando de verdade fluem.
Deveria todo dia, ser dia de você, para eu poder viver e viver.


Mr. Deep - 10/11/2006

sexta-feira

Senhor do Mundo



Dono único de seu ser.
Ninguém! Além dele mesmo, tem poder suficiente sobre ele.
Enganamo-nos constantemente, quando achamos que o controlamos.
Pois, o máximo que podemos fazer, é programar alguns de seus meros
“Funcionários de baixo escalão”.
E mesmo quando pensamos ter o poder.
Ele continua trabalhando nos bastidores.
Fazendo o seu serviço, que jamais retrocede.
O carregamos ora no bolso, ora nos membros ou até pendurado na parede.
Mas isso não reflete, e nem sequer chega perto de exercer influência
Sobre seu trabalho, muitas vezes tido por nós, como cruel e implacável.
Principalmente, por ser ele “Aquele que mostra a verdade”.


Mr. Deep - Inverno de 2007

Imagem: Relógio de sol no Parque Taquaral em Campinas / Sunclock at Taquaral Lake
Por: Adriano Aurélio Araújo

terça-feira

O Normal Poeta


Quero ser o normal poeta,
Pois, bem sei que não existem poetas normais.
Penso eu, que o poeta é aquele cujo poder está nas palavras.
As mesmas que flutuam com o vento ou,
Como dizem os ditos populares.
Aquelas que se vão e não mais voltam,
~ / ~
Quero ser o normal poeta,
Pra inglesar um pouco mais a coisa.
O normal poeta aqui, visa ser diferente.
Mostro o adjetivo antes do substantivo,
Propositalmente pra vingar o inglesismo.
~ / ~
O normal poeta sonha tanto quanto o poeta normal,
A única diferença não está no plural,
Mas sim no adjetivo pré-posto.
Quando penso algo, primeiramente classifico,
Ora pelas qualidades, oras pelos defeitos.
~ / ~
Sou também o feio poeta,
Talvez por desmontar um sonho de anos atrás.
Penso em coisas que meu mestre dizia.
Dizia ele acerca das árvores gêmeas.
Até quando serei o normal poeta? Não sei.
Sigo a tentar mudar o imutável.
E aqui deixo um pouco disto que sonhei.

Mr Deep. 09/april

domingo

De volta.



Certa vez, em determinado momento peculiar de minha história.
Deparei-me, com a dona de cabelos rubros, de epiderme alva e sardas,
Que as vezes, devido a timidez exacerbada,
Dava-nos o prazer de ver sua alvidez,
Tornar-se levemente como o céu de Brasília.
De estatura dantesca e corpo que comumente atraia vorazes olhares.
Não hesitei e afastei-me.
Dela mantive deveras distancia, pois parecia cercar-se
Com espinhos e atitudes rudes, sem haver necessidade deles.
Hoje, havendo passado quase um quarto de ano ao seu lado,
Consigo enxergar toda a beleza e inocência que se deixavam ofuscar,
Pelos tais gestos e espinhos.
E agora mais do que antes eu fizera, agradeço por poder apreciar a beleza do ser.

Mr Deep.
Inverno de 2009